PELO CAMINHO DA RELIGIOSIDADE TRADICIONAL.
Não raro ouvimos de pessoas tradicionais: éramos felizes e não sabíamos!
Muita coisa faltava. Na maioria dos lares reinava a sobriedade, senão a pobreza. Pais e filhos numerosos disputavam espaços exíguos. A piedade tradicional presidia a vida. Oração nas refeições, antes de dormir, em momentos importantes da vida. Os domingos assumiam caráter todo especial. Tudo era diferente. Vestia-se melhor, comia-se algum franguinho. Mas sobretudo a missa tornava-se a obrigação inquestionável e incontornavel.
Cedo, lá ia toda a família - com frio ou chuva, calor ou estiagem - à igreja. Não se conheciam ainda as facilidades da missa vespertina nem do jejum atenuado. A religião tradicional guardava certo rigor. Apesar disso, as pessoas assumiam-na sem questionamento. A pregação de padre fechava a manhã como palavra de ordem para toda a semana.
Esse caminho tradicional, assim bem delimitado, desapareceu por completo. No entanto, permaneceram-lhe alguns traços importantes, vigentes até hoje. O aspecto fundamental reside na referência a Deus em todas as situações. É extremamente significativo que Deus responda de maneira positiva tanto a situações felizes quanto a momentos de sofrimento. Alguém escapou ileso de um acidente, imediatamente lhe vem à mente a bondade de Deus. No entanto os familiares daqueles que morreram nesse desastre não incriminam a Deus, mas se dizem: Ele sabe o que faz.
Existe a percepção de que tudo acontece sob o olhar de Deus, seja agindo com bondade, seja mesmo permitindo algum sofrimento e, nalguns casos extremos, talvez punindo por algum pecado. Mas sempre Deus em tudo. Essa certeza inabalável da presença de Deus oferece enorme segurança e paz aos que trilham tal caminho.
J.B. Libanio, sj
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